Thursday, March 19, 2009

Vida (eterna) e morte (lenta) aos africanos


"Não se resolve o problema da sida com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, o seu uso agrava o problema."


Foto extraída do site da BBC Brasil e mostra o momento após o enterro de um terminal portador do HIV, ato comum no cotidiano dos sul africanos.


Bastante intrigante a frase proferida pelo Papa Bento XVI dentro de seu avião, rumo à Camarões. Ainda mais, por se referir a um continente onde o número de soropositivos e doentes terminais sobrepõe a gripe espanhola do início do século XX (20 milhões), perdendo somente para a Peste Negra, na Idade Média (25 milhões). Ou seja, o número de contaminados pela AIDS na África, principalmente na África do Sul é equivalente a um genocídio, um extermínio em massa e silencioso que se dá paulatinamente.

As últimas ações do Papa além de polêmicas tem deixado
grande parte da população mundial com a pulga atrás da orelha, principalmente na África, continente onde o cristianismo ainda é bastante débil. Primeiro, tem-se a excomunhão de um bispo que nega a existência do Holocausto e agora, afirma que o preservativo não ajuda a salvar da AIDS, só piora o problema. Uma posição um tanto quanto contraditória, tendo em vista a intensidade em que a doença "extermina" milhares de africanos por dia, bem como os contaminados que, segundo as Nações Unidas, são cerca de 7400 vítimas, também, diariamente.

Países como Brasil, Estados Unidos e grande parte da Europa tem conseguido deter a epidemia e prolon
gar a vida de milhares de portadores do HIV. Isso se dá através de campanhas de prevenção e novas drogas. Dessa maneira, era de se esperar que parte desses países tais como França, Alemanha e Espanha reagissem negativamente ao comentário do Papa Bento XVI. Tendo este último, em afronta à posição da Igreja Católica, disponibilizado o envio de milhões de preservativos aos países da África subsariana.

A Igreja Católica defende a abstinência e a fidelidade para evitar o contágio com o vírus do AIDS, pensamento que num mundo onde grande parte dos Estados são laicos, pode ser interpretado como "piada" de mal gosto, ou não. Afinal de contas "a mim tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". Mas, falando sério, a facilidade em conscientizar disso um povo disseminado por guerras civis, pela miséria e descaso governamental é extremamente difícil, além de ser um trabalho que poucas organizações não governamentais tem se dado ao trabalho de fazer. Como conscientizar crianças e jovens da importância da prevenção se a queda na frequencia escolar é o principal mostrador da extensão dos efeitos estrondosos de uma epidemia. Muitos param de ir à escola para cuidarem dos pais doentes, fora os que estão infectados e nem vivem o suficente para iniciar o ano escolar. É uma realidade cada vez mais comum para os africanos subsaarianos.



Fonte original desconhecida


Para além dos dogmas religiosos está o direito a vida; direito este que é inviolável e do qual ninguém pode ser privado. Como boa cristã reconheço a importância valores tradicionais da família, mas isso não significa ser conivente com um "holocausto" biológico, silencioso e paulatino. Não se pode, simplesmente, fechar os olhos e crer que dogmas garantem uma vida eterna, nquanto milhões de pessoas são consumidas por um vírus. É preciso deixar de "viver no céu" e colocar os pés no chão. Ou as Nações Unidas bem como as diversas ong's podem lavar suas mãos e deixar os mais de 23 milhões de infectados nas mãos do Vaticano? Bem, talvez seja mais fácil lutar pela vida e ser excomungado por acreditar que cada esforço para tal feito realmente vale a pena.

Esperemos que o Papa se lembre que o
direito à vida é um direito fundamental do homem, pois é dele que decorrem todos os outros; além de ser um direito natural, inerent à condição do ser humano. Sendo assim, aos africanos a vida e, por ela, os preservativos.





"What a wonderful world..."

Estava buscando uma forma de iniciar minhas atividades neste blog e não encontrei outra que não fosse expor a minha indignação diante dos fatos e, todos eles, se resumem em um só: a agressão a menores.
Há exatamente uma semana, o país ficou chocado com a covardia e egoísmo de um pai que, não bastando a sua própria vontade em se matar, levou a sua única filha de 5 anos para um voo sem volta. No fim da tarde do dia 12 de março, esse ser repugnante lançou o avião em que estava com a filhinha no estacionamento do principal shopping aqui de Goiânia.
Hoje, o dia não foi tão diferente e as notícias, como sempre, repugnantes. Em menos de 24 horas, três crianças com até 18 meses foram agredidas e estão em estado grave nos hospitais da cidade. A primeira delas, uma bebê de 9 meses foi esfaqueada pela própria mãe enquanto a "boa cristã" lhe dava banho. Segundo a mesma, Deus teria lhe pedido que a criança fosse sacrificada. E eu me pergunto: em nome de quem? em nome de que?

O segundo caso foi tão chocante quanto o primeiro. Trata-se de um pai covarde que, não satisfeito em espancar a mãe da criança, atirou a filha de 18 meses contra a parede por várias vezes e o resultado? A filha está internada no hospital infantil da cidade com traumatismo craniano.

O terceiro e último diz respeito à patroa nervosinha que não conseguia dormir com o choro do bebê da empregada doméstica. Sendo assim, acabou espancando um bebê de 1 ano deixando-lhe marcas que mais pareciam as chagas de Cristo. E mais uma vez me pergunto: qual o limite da covardia?
Não precisamos ser bons socialistas para notar que a cada dia torna-se mais evidente a deterioração da tão defendida representação de vida coletiva.
Já não vivemos na época em que todas as explicações e expressões se davam em termos sociais. A inteligibilidade do homem está se tornando jóia rara e ainda são poucos os que vem tomando consciência dessa ruptura.

A quebra de paradigmas está cada vez mais explícita, seja ela vista como construção de novas defesas por parte da população mundial, de críticas ou de movimentos de libertação. Entretanto, a violência tem no tão apregoado "subdesenvolvimento" a sua via de escape; o que não justifica a atrocidade e frequencia em que a violencia infantil se dissemina. Através de um pensamento tão medíocre vale questionar: por acaso a violência não acontece em países desenvolvidos - seja nos Estados Unidos, seja nos países europeus?
Atos como estes são e devem ser vistos como um problema mundial e que requer mobilização e ação por parte de todos os poderes. Afinal de contas, leis e estatutos não são suficientes para barrar mentes insanas ou conscientizar envolvidos e observadores. Entretanto, ainda vivemos de mão atadas sem meios devidos de intervenção e não resta outra saída a não ser o reforço do pessimismo.
É simples assim... 2009 começou de forma trágica para as crianças brasileiras. É assustadora a intensidade em que novas notícias de violência infantil surgem na mídia. Esta, por sua vez, não perde tempo em fazer sensacionalismo na grande maioria dos casos. Mas sempre foi assim... alguém tem que se "ferrar" para que outros lucrem... Karl Marx que o diga, mas essa sociologia básica não vem ao caso, digo, ao tema.
Em vias de conclusão, é isso, minha gente.
Enquanto as leis brasileiras forem tão benevolentes, casos como esse vão continuar a acontecer. Não há meios de fazer com que os cidadãos respeitem e temam as leis e, tampouco, que lhes revelem o seu brilhante futuro caso cometam crimes hediondos, ou seja, a existência de uma punição devida e exemplar, sem direito as essas dezenas de recursos que fazem os processos se arrastarem por décadas, deixando impunes os crápulas que acabam curtindo a velhice em plena liberdade.
Deixemos de hipocrisia e, por favor, não me venham com essa porcaria de ressocialização, porque "PhD's" em criminalidade é o que mais temos neste país, e nível superior nunca foi sinônimo de "hiper-socialização".
Ou alguém já viu uma maçã podre ser reaproveitada?
Bem, eis o mundo nosso de cada dia... quem quiser, que diga "amém"!